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Jovens pesquisadores do Redoxoma recebem o Travel Award 2022 da SfRBM

PorBy Maria Celia Wider
• CEPIDRIDC Redoxoma
03/11/2022
São Paulo, Braszil

Quatro jovens pesquisadores do CEPID Redoxoma foram premiados com o Travel Award da Society for Redox Biology and Medicine (SfRBM) neste ano. Os pós-doutorandos Litiele Cruz e Felipe Fuzita e os doutorandos Alex Inague e Rogério Aleixo Silva vão apresentar trabalhos na 29ª Conferência Anual da SfRBM, que será realizada entre os dias 16 e 19 de novembro, em Orlando, nos Estados Unidos.

Litiele Cruz Felipe Fuzita Alex Inague Rogério Aleixo Silva

Litiele Cruz, do grupo da professora Flavia Meotti, do Instituto de Química da USP (IQ-USP), vai apresentar o trabalho “Laminin is the main brominated protein by hypobromous acid and peroxidasin in the extracellular matrix”.

Ela explica que a peroxidasina é uma heme peroxidase de matriz extracelular que produz ácido hipobromoso (HOBr) a partir do peróxido de hidrogênio e brometo. Esse ácido hipobromoso, por sua vez, realiza o crosslink do colágeno IV na membrana basal. O que não se sabia até então é se outras proteínas da matriz extracelular, além do colágeno IV, poderiam ser alvos do HOBr produzido a partir da peroxidasina.

“Nesse trabalho identificamos essas proteínas avaliando a formação de modificações (bromotirosinas e/ou dibromotirosina) de resíduos de tirosina na matriz extracelular. A laminina foi a proteína com maior número de tirosinas brominadas. Ainda não sabemos quais as consequências ou até mesmo a função dessas modificações na laminina. No entanto, nosso trabalho traz informações sem precedentes sobre as proteínas alvo do HOBr/peroxidasina e pode ser o primeiro a mostrar mecanismos oxidativos da peroxidasina não relacionados ao crosslink do colágeno IV na matriz extracelular,” afirmou a pesquisadora.

Felipe Fuzita, do grupo do professor Paolo Di Mascio, do IQ-USP, foi premiado com o SfRBM Journal Travel Award e, além da apresentação no congresso, deve enviar um artigo relacionado ao trabalho para um dos periódicos do SfRBM dentro de um ano. Ele vai apresentar o trabalho “A simple and direct approach for cysteine-based redox proteomics by differential isobaric labeling validated in human and rat aortic smooth muscle cells.”

O pesquisador destaca que, “dentre as abordagens utilizadas em proteômica redox, a marcação diferencial de resíduos de cisteína permite a identificação e quantificação de seu estado de oxidação sob condições distintas. Nós desenvolvemos um protocolo para marcação isobárica e quantificação de peptídeos diferencialmente oxidados mais eficiente que os utilizados atualmente, o qual não requer enriquecimento prévio da amostra, diminuindo, além do tempo de processamento, possíveis vieses que preparações com mais passos podem introduzir. Por fim, o método utilizado foi validado em células aórticas de rato e humanas, nas quais identificamos, respectivamente, 1.704 e 1.973 peptídeos diferencialmente oxidados após tratamento com peróxido de hidrogênio”.

Alex Inague, do grupo da professora Sayuri Miyamoto, do IQ-USP, vai apresentar o trabalho “7-Dehydrocholesterol protects membrane phospholipids from oxidation”, com parte dos dados gerados num projeto em colaboração com o professor José Pedro Friedmann Angeli, da Universidade de Würzburg, na Alemanha.

“Neste trabalho, nós identificamos e caracterizamos a (inesperada) atividade anti-ferroptótica do 7-dehidrocolesterol (7-DHC). Especificamente, mostramos que a deleção da enzima DHCR7 — que converte 7-DHC a colesterol — leva ao acúmulo intracelular de 7-DHC e à proteção contra a ferroptose, uma forma de morte celular que depende da oxidação de fosfolipídios. Esta atividade contra a ferroptose é ‘inesperada’ porque o 7-DHC já foi apontado anteriormente como um lipídio extremamente oxidável, que levaria à oxidação — e não à proteção — de membranas biológicas. Nós mostramos que, ao contrário do que se pensava, o 7-DHC atua de forma similar a um antioxidante ‘clássico’: durante a peroxidação lipídica, oxida-se no lugar de outras moléculas, protegendo os fosfolipídios e a integridade da membrana. A mesma ação foi observada para outro esterol de estrutura praticamente idêntica à do 7-DHC — o ergosterol, muito encontrado nas membranas celulares de fungos e de alguns protozoários.”

Segundo Inague, a relevância desta pesquisa está na compreensão de mecanismos que determinam a sensibilidade celular à ferroptose. Estes mecanismos podem ser explorados no desenvolvimento de terapias contra alguns tipos de câncer resistentes a outras formas de morte celular. “No artigo, por exemplo, nós investigamos mutações no gene DHCR7 já descritas para linfomas de Burkitt, nos quais o acúmulo de 7-DHC é capaz de suprimir a sensibilidade à ferroptose e conferir vantagens de crescimento/proliferação”.

Rogério Aleixo Silva, do grupo do professor Luis Netto, do Instituto de Biociências da USP, vai apresentar o trabalho “LsfA, a 1-Cys Peroxiredoxin involved with Pseudomonas aeruginosa virulence: Structure, biochemical activity, and its influence in inflammation/resolution”.

“Nosso trabalho visa estudar uma peroxirredoxina — uma enzima antioxidante — envolvida com a virulência de uma super bactéria, a Pseudomonas aeruginosa. Para entender esse processo, primeiro estudamos com quais moléculas essa proteína seria capaz de reagir, e verificamos que ela é capaz de reduzir uma grande gama de oxidantes muito eficientemente. Além disso, vimos que a vitamina C é capaz de reduzir essa proteína e deixá-la apta novamente a reduzir os oxidantes. Resolvemos também duas estruturas cristalográficas dessa proteína, o que pode possibilitar a futura busca por inibidores. E, por fim, identificamos de maneira inédita que essa proteína antioxidante bacteriana é capaz de alterar a produção de mediadores lipídicos relacionados com o processo de inflamação nas células de defesa do nosso organismo (macrófagos). E isso pode afetar o curso da inflamação e a resolução da mesma alterando o processo de sinalização dessas células”, explica o pesquisador.