Cientista da USP ganha o 5º Prêmio Mulheres Brasileiras na Química
A pesquisadora Ohara Augusto, da Universidade de São Paulo (USP), é uma das ganhadoras do 5ª Prêmio Mulheres Brasileiras na Química. Ela venceu na categoria Líder Acadêmica, em premiação oferecida pela Sociedade Americana de Química (ACS, sigla em inglês), em parceria com a Sociedade Brasileira de Química (SBQ).
Uma das mais destacadas cientistas brasileiras, Ohara Augusto trabalha há quase 50 anos em pesquisas envolvendo radicais livres e oxidantes. Estudos realizados durante seu doutorado no Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP (1972-1975) forneceram indicações iniciais de que os radicais livres são gerados em sistemas biológicos.
“Naquela época, começou o reconhecimento de que a adaptação dos organismos terrestres a uma atmosfera rica em oxigênio molecular teve vantagens e desvantagens. A vantagem foi obter mais energia de menos nutrientes, possibilitando a evolução de organismos complexos, inclusive o homo sapiens. A desvantagem foi conviver com o fato de que o oxigênio molecular tende a gerar oxidantes e radicais livres que são tóxicos à vida. Para sobreviver e evoluir, os organismos desenvolveram defesas contra radicais livres e oxidantes e também aprenderam a utilizá-los em seu benefício. Ficou importante conhecer radicais livres e oxidantes e eu contribui para esse conhecimento”, conta a pesquisadora.
Ela foi responsável, junto com a professora Shirley Schreier, pela criação do laboratório de espectroscopia paramagnética eletrônica (EPR) no Instituto de Química da USP. Com esse laboratório, Ohara continuou investigando a produção de radicais livres durante o metabolismo de drogas, focando em compostos usados contra doenças tropicais negligenciadas. “Mais importante, nosso laboratório de EPR fomentou a ciência brasileira porque atraiu pesquisadores de todo o Brasil e da América Latina”, afirma a pesquisadora.
Ao final da década de 1990, a descoberta do óxido nítrico teve um grande impacto na Biologia e Medicina, demonstrando que radicais livres podem ser produzidos in vivo para mediar processos essenciais à saúde. A partir do óxido nítrico, novos oxidantes foram descobertos como causadores de dano celular em infecções e inflamações. Dentre eles, o radical carbonato por cuja caracterização Ohara recebeu a Medalha de Biologia e Medicina da Sociedade Internacional de EPR de 2002. Esse trabalho foi realizado em colaboração com o grupo do pesquisador uruguaio Rafael Radi. Atualmente a pesquisadora investiga os efeitos do dióxido de carbono (CO2) na biologia redox.
“Fico muito orgulhosa com esta premiação, por reconhecer tantos anos de trabalho nesta área que é fundamental para a nossa saúde e sinto-me recompensada por ter orientado muitos alunos e supervisionado vários pós-doutores. Alguns deles se tornaram cientistas conceituados. E hoje coordeno o CEPID Redoxoma, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão da FAPESP”, afirma Ohara.
O objetivo do Prêmio Mulheres Brasileiras na Química é promover a igualdade de gênero em ciência, tecnologia, engenharia e matemática no país e avançar na compreensão do impacto da diversidade na pesquisa científica.
Também foram premiadas Carolina Horta Andrade (Líder Emergente), da Universidade Federal de Goiás (UFG), e Thais Guaratini (Líder Industrial), da empresa Lychnoflora. A premiação tem o apoio da C&EM (Chemical & Engineering News) e CAS (uma divisão da ACS). As vencedoras serão homenageadas em cerimônia no dia 2 de junho, em Maceió (AL), durante a 45ª Reunião Anual da SBQ.
“A cada ano, o Prêmio Mulheres Brasileiras na Química cresce em importância”, afirma o presidente da SBQ, Romeu C. Rocha Filho. “A qualidade das candidatas nas três categorias tem sido excepcionalmente alta, dificultando muito o trabalho das comissões de seleção. Na SBQ temos o prazer de prestigiar as conquistas dos vencedores de 2022”, completa.
“Este ano, o Prêmio Mulheres Brasileiras na Química chega à sua quinta edição e estou muito feliz em ver mais um trio de cientistas de destaque sendo reconhecido pela SBQ e ACS”, diz Bibiana Campos Seijo, editora-chefe da C&EN e vice-presidente do C&EN Media Group. “O Brasil é um país com uma rica diversidade cultural e enorme talento científico. Vamos aproveitar esta oportunidade para celebrar o seu capital científico como merece.”
Denise Ferreira, gerente nacional da CAS para o Brasil, acrescenta: “É uma honra reconhecer essas mulheres talentosas e observar o crescente interesse da comunidade ano após ano pelo prêmio. Sabemos que o Brasil tem profissionais femininas altamente qualificadas e estamos muito felizes em reconhecer sua contribuição para a ciência.”
Cada vencedora receberá US$ 2 mil (cerca de R$ 11 mil) em dinheiro, um SciFinder ID válido por 1 ano, assinatura gratuita da ACS por 3 anos e um certificado de prêmio e troféu.
Sobre a ACS e seus parceiros
A American Chemical Society (ACS) é uma organização sem fins lucrativos, licenciada pelo Congresso dos EUA. A missão da ACS é promover o empreendimento químico mais amplo e seus profissionais para o benefício do planeta e de sua população. A Sociedade é líder global no fornecimento de acesso a informações e pesquisas relacionadas à química por meio de várias soluções de pesquisa, periódicos revisados por parceiros, conferências científicas, e-books e periódicos semanais de notícias sobre Química e Engenharia. Os periódicos da ACS estão entre os mais citados, mais confiáveis e mais lidos na literatura científica. Entretanto, a própria ACS não realiza pesquisas químicas. Como especialista em soluções de informação científica (incluindo SciFinder® e STN®), sua divisão CAS capacita pesquisa, descoberta e inovação global. Os escritórios principais da ACS estão em Washington, D.C. e Columbus, Ohio.
5º Prêmio Mulheres Brasileiras na Química e Ciências Relacionadas
Quando: quinta-feira, 2 de junho, às 15h50
Onde: Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió (AL), durante a 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química