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Estudo avalia ação da melatonina no tratamento da anemia falciforme

PorBy Maria Celia Wider
• CEPIDRIDC Redoxoma
13/01/2015
São Paulo, Braszil
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Em artigo publicado online no periódico Journal of Pineal Research, pesquisadores mostraram que a melatonina pode ser eficaz como terapia antioxidante auxiliar no tratamento da anemia falciforme.

“Muitos estudos recentes, tanto in vitro como in vivo, têm investigado diferentes estratégias de terapia antioxidante para o tratamento da anemia falciforme, entretanto este é o primeiro estudo que fornece evidências de efeitos benéficos da melatonina para esta finalidade. A melatonina tem diversos papéis fisiológicos no organismo, porém também é bastante conhecida por sua ação antioxidante”, afirmou o professor Eduardo Alves de Almeida, da UNESP em São José do Rio Preto e membro do CEPID Redoxoma, coautor do trabalho.

A anemia falciforme é uma doença hereditária, causada por uma mutação genética que faz com que a hemoglobina adquira a forma de foice e perca a elasticidade, o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos.

A doença apresenta fisiopatologia complexa que culmina em manifestações clínicas variadas, desde anemia até recorrência de acidentes vasculares encefálicos.

Segundo Almeida, “tal fisiopatologia é caracterizada por processos inflamatórios e oxidativos. Dessa forma, melatonina e/ou melatonina associada a N-acetilcisteína atuariam como adjuvantes na redução desses processos e, consequentemente, na melhoria de todo o quadro clínico e qualidade de vida”.

Embora o estresse oxidativo não seja a causa primária de anemias hemolíticas, ele está associado, direta ou indiretamente, a todos os processos fisiopatológicos da anemia falciforme, dos intra-eritrocitários aos sistêmicos. “Processos como a hemólise, vaso-oclusão/hipóxia e resposta inflamatória, comuns na doença, podem levar à geração de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, gerando estresse oxidativo”, afirmou.

Para avaliar os efeitos antioxidantes da melatonina, os pesquisadores usaram um modelo experimental consolidado e bem descrito na literatura, conhecido como suspensão eritrocitária, neste caso de eritrócitos falcêmicos.

Dez pacientes previamente diagnosticados com anemia falciforme participaram do estudo. As hemácias dos pacientes foram separadas do sangue total e suspensas em meio líquido apropriado na ausência e presença dos diferentes antioxidantes (N-acetilcisteína e melatonina) e da combinação destes, em três diferentes concentrações.

Conforme explicou o pesquisador, este modelo proporcionou um ambiente autossustentável de estresse oxidativo, permitindo uma avaliação eficaz dos efeitos antioxidantes da melatonina sobre a suspensão de eritrócitos falciformes.

O estudo é uma colaboração entre a professora Cláudia Regina Bonini Domingos, do Laboratório de Hemoglobinas e Genética das Doenças Hematológicas da UNESP em São José do Rio Preto, e o professor Eduardo Alves de Almeida, também da UNESP e membro do CEPID Redoxoma.

O artigo Potential utility of melatonin as an antioxidant therapy in the management of sickle cell anemia, de Danilo Grünig Humberto da Silva, Octávio Ricci Júnior, Eduardo Alves de Almeida e Claudia Regina Bonini-Domingos, pode ser lido por assinantes em dx.doi.org/10.1111/jpi.12204