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Startup cria irradiadores UVC para eliminar Sars-CoV-2 de objetos e ambientes

BioLambda tem parceria de desenvolvimento tecnológico com CEPID Redoxoma
PorBy Maria Celia Wider
• CEPIDRIDC Redoxoma
08/06/2020
São Paulo, Braszil

Com o avanço a pandemia de covid-19, cientistas do mundo todo tentam encontrar vacinas, tratamentos e curas para a doença, enquanto a população se defende com medidas de isolamento e práticas de desinfecção e descontaminação. Com experiência consolidada no uso terapêutico e germicida da luz, a startup BioLambda desenvolveu três equipamentos diferentes que emitem radiação ultravioleta C (UVC) para descontaminação de máscara, de objetos e superfícies e de ambientes. A BioLambda Científica e Comercial Ltda é uma empresa focada em aplicações de Óptica Biomédica.

“Para garantir a eficácia microbicida dos nossos equipamentos, temos dois parâmetros principais: a potência óptica pela área que está sendo incidida, ou seja, a irradiância; e o tempo de exposição com essa irradiância, que é a dose de UV. Usamos UVC de 253,7 nm (nanômetros). É o pico de emissão dentro da casa de UVC que a gente consegue com essas lâmpadas e que tem a maior eficácia microbicida, seja para bactérias e parasitas, seja para vírus de DNA e de RNA, como o Sars-CoV-2, explicou Caetano P. Sabino, fundador da BioLambda.”

O espectro de radiação ultravioleta é classificado pelo comprimento de onda como UVA (320-400 nm), 95% da radiação que chega à Terra; UVB (280-320 nm), 5% da radiação, responsável pelas queimaduras de sol; e UVC (200-280 nm), que é quase toda absorvida pela camada de ozônio e é a radiação ultravioleta mais nociva para a saúde.

Bases constituintes do DNA e do RNA absorvem luz na faixa UVC. Essas moléculas, quando absorvem luz, vão para o estado excitado e podem fazer uma reação de fotoadição com moléculas próximas, gerando fotoprodutos que distorcem a estrutura do DNA ou do RNA, inibindo as funções desse material genético. “As lâmpadas dos equipamentos desenvolvidos pela BioLambda têm espectro de emissão bem no máximo de absorção do material genético, e é isso que faz com que a eficiência seja tão alta”.

A explicação é do professor Maurício S. Baptista, do Laboratório de Processos Fotoinduzidos e Interfaces, do Instituto de Química da USP, e membro do CEPID Redoxoma, que mantém uma parceria de desenvolvimento tecnológico de longa data com Caetano Sabino. Recentemente, eles desenvolveram um equipamento inteligente para aplicação de fototerapia no tratamento de infecções localizadas, inclusive para tratamento do pé diabético, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP. Esse projeto conta com a participação do médico João Paulo Tardivo, do FUABC - Hospital de Ensino Padre Anchieta e do CEPID Redoxoma, que tem uma ampla experiência com tratamento de pé diabético.

A vivência científica, ressalta Sabino, foi fundamental para o desenvolvimento de outros produtos de alta precisão. A BioLambda produz equipamentos para irradiação tanto de células in vitro quanto de modelos animais, e também para estudos clínicos. “Hoje a gente tem uma permeação mundial desses equipamentos para pesquisa científica. Acredito que pouquíssimas empresas brasileiras comercializem equipamentos para pesquisa científica com Harvard e MIT, nos Estados Unidos; com Portugal, Japão, França, e até com a África e a Austrália. Estamos nos cinco continentes com essas tecnologias”, afirmou.

Equipamentos contra a covid-19

Startup cria irradiadores UVC para eliminar Sars-CoV-2 de objetos e ambientesA linha de equipamentos contra a covid-19 da BioLambda inclui o UVMasks, que foi desenvolvido exclusivamente para descontaminação de máscaras de proteção N95 ou de tecido. Podem ser desinfetadas quatro máscaras por vez, por cinco minutos, num total de 960 máscaras por dia para cada equipamento.

A versão manual do equipamento é o UVSurface. “A gente usou a lâmpada de maior densidade de potência do mercado para esse tamanho, então a gente consegue ter um processo muito rápido e eficaz. O tempo de exposição necessário par inativar mais de 99% dos vírus é cerca de 1 segundo”, afirmou Sabino. O UVSurface pode ser usado para descontaminar objetos como telefones, teclados, dinheiro, maçanetas, correspondências, compras de supermercado etc.

E, para desinfectar ambientes, a empresa criou o UVair, basicamente uma câmara de inox refletivo polido, com três lâmpadas dentro e um exaustor. O ar é puxado por cima, passa por um filtro, entra na câmara com uma intensidade UV altíssima e sai pela lateral por baixo, já descontaminado.

Por enquanto a BioLambda está autorizada a vender equipamentos para indústrias e empresas em geral e espera a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fornecer para hospitais e clínicas. “Temos muitos patrocínios para doação para hospitais públicos, que não puderam ser efetivadas por causa da Anvisa. São mais de 100 equipamentos de doações patrocinadas pela Vale do Rio Doce, Usiminas e BRF”.

Antes da covid-19, Caetano Sabino e seus sócios Arthur P. Nogueira e José Tort Vidal, já estavam alinhados com as tecnologias de UV. “A gente estava desenvolvendo tecnologia de UVC germicida para aplicação industrial, em parceria com a Colgate Palmolive. É um fotopasteurizador para descontaminação de líquidos, tanto água quanto insumos. Além disso, com a BRF, que é a maior exportadora de frangos do mundo, estamos dando os primeiros passos para implementar um sistema para descontaminar a superfície das esteiras em que passa a linha de produção”, conta Sabino. “Estávamos com tudo engatilhado, quando começou a estourar a pandemia pelo mundo, resolvemos entrar de cabeça e desenvolvemos essas três linhas de equipamento em um mês”.