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Por que ciência é importante? Com a palavra, as crianças

Canal de divulgação científica lança 2º Concurso Cultural “Acho que vi 1 cientista”
PorBy Maria Celia Wider
• CEPIDRIDC Redoxoma
10/10/2019
São Paulo, Braszil

2º Concurso Cultural “Acho que vi 1 cientista”Já estão abertas as inscrições para o 2º Concurso Cultural “Acho que vi 1 cientista”, criado pelo grupo de divulgação científica Nunca Vi 1 Cientista (NV1C) com o objetivo de estimular o contato das crianças com o universo científico. Este ano, as crianças devem enviar um vídeo de até um minuto respondendo à pergunta: Por que ciência é importante? Elas vão concorrer em duas categorias, de 5 a 8 anos e de 9 a 12 anos, e os três melhores colocados de cada categoria receberão prêmios. Os vencedores serão anunciados no dia 04 de novembro.

Esta é a segunda edição do concurso, realizado em comemoração ao mês das crianças, e, segundo as cientistas e divulgadoras de ciência Ana Bonassa e Laura de Freitas, criadoras do Nunca Vi 1 Cientista, a pergunta sobre a importância da ciência foi pensada para provocar uma reflexão num momento em que a situação no país é pouco favorável à ciência. “A gente espera que alguns adultos aprendam alguma coisa com as crianças. Nossa ideia é que esse concurso traga um pouco de luz, de conscientização também para os adultos”, disse Laura.

As inscrições vão até o dia 31 de outubro e, para participar, o responsável pela criança deve preencher um formulário de inscrição. O 2º Concurso Cultural “Acho que vi 1 cientista” é patrocinado pelo CEPID Redoxoma e apoiado pela Agência FAPESP.

Em 2018, na primeira edição do concurso, o canal recebeu 50 vídeos de crianças respondendo à pergunta “O que é ciência para você?”. Os vídeos vencedores podem ser vistos aqui.

Laura de Freitas e Ana Bonassa (Nunca Vi 1 Cientista)
Laura de Freitas e Ana Bonassa (Nunca Vi 1 Cientista). Foto: Arquivo Pessoal

Nunca vi 1 cientista

Com mais de 100 mil seguidores nas redes sociais – somados YouTube, Facebook, Instagram e Twitter – em um ano e meio de atividade, o Nunca vi 1 cientista acaba de conquistar o selo de qualidade ScienceVlogs Brasil (SVBr) para divulgadores científicos, que garante que o canal veicula informações científicas sérias, com fontes reconhecidas e representativas do consenso científico e acadêmico atual.

As fundadoras do NV1C se conheceram em 2018, quando foram finalistas do FameLab Brasil, uma competição internacional de comunicação científica. “Eu via que as pessoas faziam divulgação mas nunca chegavam realmente numa linguagem voltada para pessoas leigas. Eu já era cientista e via postagens de divulgação científica que não entendia,” conta Laura, que é farmacêutica e bioquímica e faz pós-doutorado no Laboratório de Processos Fotoinduzidos e Interfaces, com o professor Maurício Baptista, do Instituto de Química da USP e do CEPID Redoxoma.

Com muito humor e descontração, o objetivo do NV1C é fazer com que as pessoas entendam como a ciência funciona, desenvolvam o pensamento crítico e passem questionar as fontes das informação que recebem. “A gente quer que a ciência seja fácil de entender e que as pessoas saibam questionar. Elas não podem simplesmente aceitar verdades absolutas, curas milagrosas”, diz Laura.

Outro aspecto estimulante para elas é inspirar jovens a seguir a carreira científica. “A gente precisa formar esse ciclo, precisa de novos cientistas”, afirma a bióloga Ana, pós-doutoranda do Laboratório de Metabolismo Energético, da professora Alicia Kowaltowski, também do IQ-USP e do Redoxoma. E parece que elas estão conseguindo. “Fizemos um live no YouTube e recebemos comentários de meninas de 12 e de 15 anos, dizendo que querem ser cientistas. Isso é muito legal, somos mulheres na ciência e estamos vendo várias meninas querendo seguir a carreira por nossa causa”. De acordo com as métricas das redes sociais, o público do NV1C é formado principalmente por mulheres e a maioria tem entre 18 e 34 anos.

Diferente de outros canais de divulgação especializados em uma determinada área do conhecimento, o Nunca vi 1 cientista é um canal aberto às ciências exatas, humanas e biológicas. Em mais de 70 vídeos postados no YouTube, elas já apontaram mitos e verdades sobre as vacinas; desconstruíram soluções milagrosas para curar doenças e dietas da moda; discutiram temas de ciências humanas, como poder e ideologia; ensinaram finanças pessoais; visitaram o reator nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), na USP; explicaram como interpretar as informações de artigos científico; e apresentaram cientistas e outros divulgadores de ciência. E foram irreverentes, como em um vídeo com mais de 70 mil visualizações até agora no qual, em resposta a críticas feitas pelo ministro da Educação às universidades públicas, foram atrás dos peladões da USP. Não encontraram peladões e aproveitaram para mostrar quanto se estuda e trabalha na universidade.

No Facebook, Instagram e Twitter, elas comentam e explicam notícias científicas. “A gente tem como regra não compartilhar simplesmente a notícia, mas explicar de uma outra forma, para que as pessoas realmente entendam”. E, principalmente, denunciam propagandas apelativas. Essa é a parte que os seguidores mais gostam. Segundo elas, o que desperta maior interesse das pessoas são os posts em que revelam tretas, como os que fizeram, por exemplo, denunciando propagandas de óleo de soja sem colesterol, capsulas de colágeno e travesseiros da NASA, dentre muitas outras. Também usam essas redes para explicar memes de forma científica. “O meme está em alta e, quando ele viraliza, nosso conteúdo viraliza junto, assim as pessoas acabam recebendo a informação”, afirma Ana.

À parte alguns comentários agressivos e, eventualmente, uma discussão mais dura, a interação com os seguidores é muito positiva. “Nós lemos e respondemos todos os comentários. E anotamos as sugestões, que são muitas, de temas para vídeos.” Segundo elas, essa é a maneira de perceber que o trabalho está impactando de alguma forma. “A gente observou umas reações muito legais das pessoas. Aliás, a primeira foi a minha mãe, que, depois que comecei o Nunca vi 1 Cientista, passou a questionar muitas coisas e a me consultar se as informações são verdadeiras”, conta Laura. Para dar conta do número crescente de seguidores, o grupo Nunca vi 1 cientista é formado atualmente por 22 pessoas, entre equipe e colaboradores.

E, de volta para as crianças, nesta semana o NV1C começou a postar uma série especial de vídeos com respostas a perguntas feitas por crianças. No primeiro vídeo, o doutorando e divulgador de ciência João Victor Cabral Costa explica por que o bicho-preguiça se mexe devagar. Você sabe por quê?