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Feira de inovação e Workshop reúnem docentes, estudantes e empresas no Instituto de Química da USP

PorBy Maria Celia Wider
• CEPIDRIDC Redoxoma
10/12/2019
São Paulo, Braszil

Auditório - WorkshopO Instituto de Química da USP realizou sua primeira feira de inovação, a INOVIQ, na semana passada, em paralelo ao Workshop da Pós-Graduação. Vinte e três empresas e 140 estudantes se inscreveram para participar dos eventos, que foram organizados pela diretoria do IQ, Comissões de Inovação, programas de Pós-Graduação em Química e Bioquímica e de Mestrado Profissional.

“Convidamos indústrias Químicas e Farmacêuticas, para apresentarmos os produtos e tentar fazer negócios. A feira teve uma presença grande do CEPID Redoxoma”, afirmou a professora Marisa de Medeiros, da comissão de organização da INOVIQ pela diretoria do IQ. No total, foram apresentados 24 produtos e processos derivados de pesquisas realizadas no IQ, seis dos quais de pesquisadores do Redoxoma.

Na abertura, o professor Paolo Di Mascio, diretor do IQ-USP, destacou que a INOVIQ e o Workshop fazem parte de uma série de eventos importantes realizados no IQ nas últimas semanas. “Esses eventos mostram que independente da crise e das más notícias que recebemos este ano sobre financiamento de pesquisas e bolsas, estamos unidos e fortalecidos como uma corrente do bem. Temos muito orgulho da competência e capacidade de reação da nossa comunidade”.

Professores Liane Rossi, Frederico Gueiros Filho, Paolo Di Mascio, Koiti Araki, Alcindo dos Santos e Luiz Henrique Catalani
Professores Liane Rossi, Frederico Gueiros Filho, Paolo Di Mascio, Koiti Araki, Alcindo dos Santos e Luiz Henrique Catalani

Das seis startups unicórnios (que valem mais de um bilhão de dólares) brasileiras, quatro nasceram na USP, e dentre os 16 CEOs dessas empresas 10 são ex-alunos da Universidade. Além disso, pelo terceiro ano consecutivo, a USP é considerada a universidade mais empreendedora do País, de acordo com Ranking de Universidades Empreendedoras do Brasil, elaborado por um conjunto de entidades estudantis lideradas pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior). Esses dados foram apresentados pelo professor Luiz Henrique Catalani, coordenador do Inova USP. “Isso demonstra a força que temos na área de transformação de conhecimento básico em conhecimento aplicado. Não existe em absoluto nenhum conflito entre produção de ciência básica e produção de ciência aplicada. Esta é uma ideia que já não existe mais, isso é coisa do passado. Hoje a USP tem se empenhado muito na organização de ferramentas que agreguem e transformem sua comunidade”, afirmou.

Para o professor Koiti Araki, presidente da comissão de Inovação do IQ, a inovação é um processo e uma cultura. “Esse é um processo que depende de todos, precisamos realmente estar aqui unidos para que isso aconteça e essa união só é possível quando conseguimos criar uma linguagem. Essa linguagem é possível quando nós nos reunimos em eventos como este, justamente para trocar ideias, trocar experiências e aí sim encontrarmos a oportunidades para inovar”.

Professores Luiz Carlos de S. Ferreira e Paolo Di MascioO professor Luiz Carlos de Souza Ferreira, diretor do ICB-USP e coordenador da Plataforma Científica Pasteur-USP prestigiou os eventos do IQ e, em entrevista ao site do Redoxoma, afirmou ter “plena convicção de que um dos desafios que a universidade brasileira tem que enfrentar - e facilmente vencer - é trazer a cultura da inovação para o ambiente acadêmico. A inovação a que eu me refiro é aquela que, a partir de uma determinada descoberta, uma invenção, traz valor econômico agregado. São descobertas que trazem recursos, investimentos; produtos e serviços que geram propriedade intelectual e que por sua vez vão gerar recursos e, invariavelmente, para se tornar inovação ela precisa nascer num ambiente de pesquisa, e a academia é por excelência esse ambiente aqui no Brasil e no mundo inteiro. Essa descoberta deve migrar para uma empresa, que, ela sim, terá o papel de transformar aquele conhecimento e aquela descoberta num produto ou serviço com valor, gerando riqueza, empregos e pagamento de impostos, e então a sociedade se beneficia. Esse processo de geração de um conhecimento capaz de ser transferido para uma empresa só vai acontecer se tanto universidade quanto empresas e o governo - subsidiando e dando meios para que isso ocorra - trabalharem juntos”.

A partir da perspectiva empresarial, Caetano P. Sabino, da BioLambda, startup focada no desenvolvimento de equipamentos e serviços que utilizam conceitos de óptica e fotônica, observou que no Brasil há pouco incentivo para que seja mostrada a ciência que pode vir a ser um produto. Segundo ele as empresas não sabem o que a universidade pode oferecer, por isso uma iniciativa como a INOVIQ é importante, embora o alcance possa ser melhorado. Também, para ele, a divulgação científica tem um papel importante para mudar esse quadro. “Muitas empresas acompanham o que sai na Pesquisa FAPESP”, disse.

Redoxoma na INOVIQ

Professora Ana Maria da Costa Ferreira e grupoDentre os produtos expostos por pesquisadores do Redoxoma, a professora Ana Maria da Costa Ferreira levou seus “Complexos imínicos com metais essenciais como agentes tumorais”, que apresentam atividade antiproliferativa frente a diversas células tumorais, como neuroblastomas, sarcomas, -cervicais, melanomas etc., tendo como alvos importantes o DNA e as mitocôndrias; os “Complexos imínicos com metais essenciais como agentes antitripanossomas”; e o “Processo de oxidação avançada para tratamento de efluentes”, que já se encontra em operação num reator instalado numa indústria petroquímica.

Modelos moleculares de baixo custo - Prof. Guilherme A. Marson
"Modelos moleculares de baixo custo" - Prof. Guilherme A. Marson

O professor Guilherme A. Marson apresentou “Modelos moleculares de baixo custo”, que podem ajudar a resolver um problema clássico do ensino de química que é a visualização de conceitos abstratos tridimensionais. Desenvolvidos a partir de pesquisas sobre visualização tridimensional e de acordo com os quesitos pedagógicos do PNLD, os modelos são um recurso de baixo custo e de fácil utilização para os professores, bastando imprimir, colar sobre material rígido como papelão, recortar e montar. Segundo Marson, “há vários modelos de negócios possíveis: por exemplo, a empresa pode licenciar junto com a USP o produto e vender os kits moleculares na forma de um livro que você destaca e monta; ou os kits podem ser vendidos em parceria com editoras como material suplementar para o curso de Química”.

Nanopartículas revestidas com melaninaO grupo do professor Maurício S. Baptista levou para a feira a proposta de “Proteção solar efetiva” na forma de nanopartículas recobertas com melanina, que podem ser utilizadas como um aditivo ao filtro solar. Os filtros solares atualmente disponíveis não oferecem proteção contra a luz visível, que tem um efeito nocivo na pele semelhante ao da luz ultravioleta. Com as nanopartículas desenvolvidas pelos pesquisadores, os filtros solares podem proteger contra a faixa espectral do visível e do infravermelho.

Fotoprotetores - (Prof. Paolo Di Mascio, INOVIQ, 2019)“Fotoprotetores” para Fármacos, Nutracêuticos e Cosméticos. A partir de pesquisa do seu grupo, o professor Paolo Di Mascio apresentou na feira a possibilidade do uso de biflavonóides extraídos da Araucária como fotoprotetor, antioxidante, anti-inflamatório e antienvelhecimento. “O projeto foi desenvolvido com estes compostos extraídos da Araucária, que é uma árvore endêmica brasileira, como fonte renovável de matéria prima para produtos cosméticos e nutracêuticos. A grande ideia é extrair biflavonóides de galhos que já caíram da árvore, porque a araucária é protegida por lei no Brasil. A árvore em si é fácil de cultivar, mas a floresta de araucárias está em extinção. Nossa ideia é usar os galhos caídos e a não usar solventes na extração. Assim, além de ser uma fonte renovável, é também química verde”, explicou a pesquisadora Lydia F. Yamaguchi.

Também apresentaram seus produtos os professores Koiti Araki, Denise Freitas Siqueira Petri, Liane Marcia Rossi, Roberto M. Torresi, Susana Cordoba de Torresi, Jorge Cesar Masini, Ricardo Giordano e Mari Cleide Sogayar. Participaram ainda o Inova Química Júnior e a Central Analítica do IQ.

INOVIQ, 2019

Workshop

Este foi o 7º Workshop do programa de mestrado profissional do IQ e o 1º Workshop conjunto dos três programas de pós-graduação. Para o coordenador do programa de mestrado profissional, professor Alcindo Aparecido dos Santos, o Workshop tem por objetivo demonstrar o potencial que a instituição tem e historicamente desempenha na sociedade paulistana e na sociedade brasileira. “O IQ há décadas vem atuando na liderança na formação de recursos humanos e no estabelecimento de políticas científicas”.

Os ex-estudantes do IQ Helder Nakaya, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, e Priscila Castelani, da Oxiteno, falaram, respectivamente, sobre “Você só estuda ou também trabalha? A ciência como Profissão” e “Habilidades para uma carreira na indústria”. E Lucio Agnes, do IQ, falou sobre “Programas da FAPESP para impulsionar a inovação”.

Workshop - Prof. Pedro V. de Oliveira e Daniel PimentelDaniel Pimentel, diretor da Iniciativa Emerge, startup de apoio à inovação e ao empreendedorismo na ciência acadêmica, fez uma apresentação sobre “Como empreender na Ciência” para um auditório lotado.

A programação contou ainda com a apresentação de vídeos de divulgação científica realizados por alunos e sessão de pôsteres.